Irradiação ultravioleta faz parte da luz solar que atinge a Terra, muito conhecida pela abreviatura UV. Atualmente, devido aos buracos na camada de ozônio, estamos expostos a essa radiação, com grandes riscos para a nossa saúde. Sabemos que a exposição aos raios UV pode apresentar/favorecer não somente o bronzeamento, mas também o aparecimento de lesões dermatológicas em humanos, como, por exemplo, reações fotoalérgicas, queimaduras, envelhecimento cutâneo precoce e mutações genéticas que predispõem ao câncer de pele em algumas pessoas.A irradiação UV, ao atingir nosso planeta, divide-se em dois tipos: UVA e UVB.
A radiação UVA possui intensidade praticamente igual tanto no verão como no inverno, sendo de maior intensidade das 10 às 16 horas. A radiação UVB tem intensidade maior no verão e também é mais intensa nos mesmos horários. Também existe a irradiação UVC, que até o momento não atinge a Terra. Algumas pesquisas demonstram que os raios UVA e UVB são considerados carcinogênicos, embora os raios UVB sejam mais “responsáveis” pelos casos de câncer de pele.
Quais os danos que esses raios podem causar na visão?
A exposição intensa dos olhos aos raios ultravioleta solares, como, por exemplo, nas pessoas que trabalham na neve, nas praias ou piscinas pode talvez resultar em dano epitelial na superfície da córnea, conhecido como fotoceratite, surgimento de cisto conjuntival, pinguécula e pterígio. Ainda faltam evidências científicas, mas esses raios solares que atingem as pessoas podem também contribuir para complicações ainda mais sérias, como a degeneração macular senil, com perda da visão na área central do campo visual, e ainda catarata. Talvez as irradiações UVA e UVB façam/provoquem nos olhos os mesmos danos que promovem na pele. A grande intensidade da irradiação UV diretamente dirigida aos olhos, como o olhar direto ao Sol, promove clássicos danos à retina, muitas vezes irreversíveis. Há um grande interesse financeiro por parte da indústria de lentes nas pesquisas e promoção do tema.
Quais são as melhores lentes?
São as que apresentam filtros UV. Eles estão presentes em óculos, lentes de contato e em lentes intraoculares implantadas nas cirurgias de catarata. Importante lembrar dois aspectos. Primeiro, que os filtros não têm ação 100% e, portanto, a pessoa não tem uma proteção completa, ou seja, não deve olhar com esses recursos diretamente para o Sol. Segundo, que nem todos os óculos escuros têm filtros UV. Muito cuidado com os “falsos óculos protetores”.
A utilização de óculos com lentes escuras sem proteção UV não oferece proteção para os olhos. Aliás, esses óculos poderão até ser mais nocivos, pois o olho humano possui mecanismos de defesa natural. Na luz solar intensa contraímos as pálpebras e a pupila se fecha (miose), protegendo os olhos dos raios UV. Tais mecanismos são inibidos pelo bloqueio dos óculos meramente escuros e mais irradiações indesejáveis irão atingir os olhos.
Óculos vendidos em camelôs são confiáveis?
Estimativas da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abiótica), levantadas no final de 2007, as falsificações apontam (óculos com lentes sem filtros para UV) respondem por 50% do número de óculos de sol comercializados no Brasil.
Os camelôs vendem óculos mais baratos justamente por não possuírem tecnologia capaz de filtrar os raios UV. A pirataria, além de se apresentar como um perigo potencial à saúde humana, dificulta, ainda, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Sem nota fiscal, o comprador não tem mecanismos de reclamar seus direitos.
Como escolher os óculos corretos?
Nem sempre os mais baratos são ruins. Produtos vendidos no comércio popular podem ser ineficazes. É também importante salientar que o preço não é o melhor parâmetro para avaliar se os óculos que estão sendo adquiridos são de boa qualidade. Atualmente, o uso de óculos é moda. Muitos são vendidos meramente pela sua marca de grife. Nem sempre os mais caros são os melhores e nem sempre os mais baratos são os piores.
Tenha certeza da qualidade do produto. Nós, oftalmologistas, recomendamos aos nossos pacientes que procurem as boas casas do ramo. Informações sobre a qualidade das lentes devem estar disponíveis, no momento da compra, seja no adesivo afixado nos óculos ou em livretos contendo informações técnicas sobre o produto. O comprador deve exigir essa informação. Além da questão dos filtros de UV nas lentes, os óculos devem ser bem adaptados ao rosto para evitar danos nas áreas de contato.
É melhor usar óculos ruins do que deixar de usar. Isso é verdade?
Isso é um engano. A utilização de óculos de sol cujas lentes não ofereçam proteção adequada é considerada mais perigosa do que simplesmente não usá-los. A falsa proteção expõe os usuários a possíveis danos graves, portanto não use “óculos ruins”.
A coloração dos olhos é um fator importante para a escolha dos óculos e lentes? Olhos mais claros são mais sensíveis?
Não, a pigmentação que dá cor à íris dos olhos normais não tem nenhuma relação com a sensibilidade à luz. As células da retina fotossensíveis à luz (cones e bastonetes) são responsáveis pela fotossensibilidade.
Outra informação importante é o papel que a pigmentação da retina tem na absorção da luz dentro do olho. Podemos considerar que olhos com pouco pigmento promovem mais fotofobia (aversão à luz).
Sabemos também que a sensibilidade excessiva à luz tem relação com o tamanho da pupila. Elas podem ter o mesmo tamanho em pessoas com qualquer cor de íris, gerando o mesmo grau de intolerância à luz solar.
Quais são as dicas para escolher as lentes? Quais protegem mais os olhos?
Lentes de má qualidade nos óculos, além de não exercerem a função de filtro para UV, também podem provocar dores oculares e de cabeça devido a aberrações ópticas e efeitos prismáticos. Óculos de sol devem ter lentes protetoras grandes para proteger todo o olho.
A cor da lente nada tem a ver com a intensidade da proteção. O que importa é a película protetora. Há no mercado lentes incolores com filtros de proteção UV.
Tenha tempo e muita paciência na hora de experimentar os modelos para não correr o risco de arrepender-se depois. Peça informações sobre a qualidade do produto. Leia as instruções contidas nos óculos ou nos folhetos informativos. Muitas vezes as ópticas não aceitam devoluções.
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